Negócios e segredos
Ao fundo de uma aldeia corre um pequeno rio que está assinalado nos mapas. Nas margens nascem lindos agriões, e nas suas águas claras vivem belas trutas. No tempo da pesca que começa no primeiro dia de Março o rio logo pela manhãzinha fica cheio de pescadores. O Juquinha era muito gordo e tinha dificuldades em fazer longas caminhadas. Ele gostava muito de pescar, mas ficava aborrecidíssimo quando não conseguia levar um único peixe para casa. Ele pescava com minhocas, mas como nunca as arranjava era o Carlos. Por cada lata cheia, o Juquinha dava-lhe vinte e cinco tostões que nesse tempo dava para muita coisa. Como o Juquinha perdia muitas minhocas, no tempo da pesca o Carlos regalava-se com todas essas lambarices e dava os trocos dos lápis ao Toninho Pinto. Nessa altura o Carlos não sabia que era preciso embrulhar os negócios com uma capa de segredos. Um dia no recreio da escola o Carlos contou aos colegas o seu negócio. Passado algum tempo as encomendas do Juquinha acabaram. Quando lhe ia bater à porta ele dizia que já estava servido. O Toninho começou a mostrar lápis novos, cadernos muito bonitos e no recreio comia sandes de queijo com marmelada. Era o Toninho o traidor a quem o Carlos tinha dado tantos trocos dos lápis. Ao fim de alguns anos é que o Carlos percebeu que o Toninho não só lhe vendia as minhocas como também lhe vendia as trutas. Claro que o segredo estava bem guardado o Toninho andava todo contente e o Juquinha foi considerado um grande pescador de trutas.
Opinião: Gostei do livro. Gostei daquela parte em que o Toninho começou a ser o vendedor de minhocas ao Juquinha.
Autor: Professor do ensino básico, sempre leccionou em escolas do meio rua. Do mesmo autor a caminho publicou o romance Pardinhas na colecção Caminho jovens.
imagem in:truta
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